'Avatar: Fogo e Cinzas' é um grandioso mais do mesmo

"Avatar: Fogo e Cinzas" é um grandioso e espetaculoso mais do mesmo

O fenômeno cinematográfico de James Cameron, "Avatar", chega ao seu terceiro filme reciclando primor técnico e narrativa clichê
Atualizado às Autor Guilherme Gonsalves Tipo Notícia

Avatar é um fenômeno incontestável. A beleza de um universo completamente novo feito a partir do trabalho de milhares de mãos que buscam a perfeição com efeitos visuais, design de produção e imersão de mundo só são capazes graças a mente e a ambição do diretor James Cameron.

Não à toa, o primeiro e o segundo filmes estão entre as três maiores bilheterias da história do cinema, mesmo com um intervalo de 13 anos.

INSTAGRAM | Confira noticias, críticas e outros conteúdos no @vidaearteopovo

E, agora, Cameron e Pandora voltam com o grandioso e espetaculoso "Avatar: Fogo e Cinzas". O sucesso e a marca dos dois longas antecessores são tantos que o diretor não tem a menor vergonha de repetir tudo, mais uma vez, com "Avatar: O Caminho da Água" - filme que completa a por hora trinca da franquia. 

Para o bem e para o mal, James Cameron faz tudo novamente. Os erros e os acertos de "Avatar" estão presentes neste longa que se propõe a ser maior em escala de desafios e também discutir ainda mais suas críticas antes apresentadas como capitalismo desenfreado, preservação ambiental, racismo e o contato do ser humano com outro povo.

Cartografia do Lazer: Um roteiro de diversão e compras por Fortaleza

Algo que por si só já nasceu velho no primeiro filme - quando foi reciclado de histórias nada novas como "Pocahontas (1995)", "Dança com Lobos (1990)" e "O Último Samurai (2003)".

Em "Fogo e Cinzas", a premissa segue sequencialmente após os acontecimentos de "O Caminho da Água". A família Sully tenta superar o luto do filho primogênito enquanto o povo do céu (seres humanos) continua explorando indevidamente Pandora e o Coronel Quaritch (Steph Lang) busca vingança contra JakeSully. 

Desta vez, a narrativa apresenta outro grupo antagonista, o povo do fogo. O coletivo é liderado por personagem interpretada por Oona Chaplin - basicamente a única desenvolvida deste núcleo Varang. Sua selvageria e rejeição a deusa Eywa a torna distinta de todos os nativos do planeta antes vistos. A imposição ameaçadora a faz também sensual e imprevisível.

A trama segue incansavelmente as idas e vindas de Jake e Neytiri (Zoë Saldaña) e seus filhos. Uma hora fogem, são capturados, depois escapam e se preparam para uma batalha. Isso ocorreu nos outros dois filmes e aqui se repete, não apenas uma vez. 

Pandora e Avatar

O visual de Pandora segue encantador e impressionante. Porém, neste terceiro filme, o diretor James Cameron usa menos tempo de suas mais de três horas de duração para apresentar novos locais, costumes e algo novo do planeta.

O novo é o tal "povo do fogo" - que, inclusive, tem pouco tempo de desenvolvimento e poderia ser mais explorado. Os minutos dedicados aos seus diferentes costumes e a descrenças no sagrado são interessantes demais para não serem aprofundados.

As cenas de ação são bonitas, bem coreografadas, de fácil compreensão e também grandiosas. Mas serei repetitivo: assim como é este longa, todas estas batalhas já foram vistas antes. Até o artifício de conquistar a confiança de um novo povo, a reviravolta e superação graças a Mãe Natureza, discursos e tudo mais. A diferença é que não tem o novo e nem o tom épico que o primeiro Avatar conseguiu emplacar. 

Em nenhum momento James Cameron se propôs a escrever uma história mirabolante e extremamente complexa. O clichê não é em si um demérito. Fazer algo básico bem feito é uma boa conquista e justifica a sua existência. 

Porém, "Fogo e Cinzas", como dito anteriormente, tem os seus deméritos quanto a narrativa cansativa e pouco inventiva quando poderia apresentar algo pouco mais instigante para que não se tornasse tão previsível. Isso é superado facilmente com o primor técnico, ação de tirar o fôlego e o interesse que temos na tela. 

James Cameron segue ambicioso em mostrar apaixonadamente o mundo criado por sua mente e por milhares de mãos - e o público continua se cativando. Mas Avatar tem espaço para fugir do óbvio e ser mais ousado na narrativa. Enquanto esperamos uma continuação para seguir com esta repetida jornada, nos impressionamos com a beleza de "Avatar", de novo com "O Caminho da Água" e novamente com "Fogo e Cinzas".

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar